20 de fev. de 2011

São Luís, Patrimônio ameaçado





Situação de presídios do Maranhão será levada à ONU

    A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) vai denunciar ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) a situação dos presídios do Maranhão, em frequentes rebeliões. De acordo com o presidente da seccional do Rio, Wadih Damous, a denúncia será feita por meio da presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Margarida Pressburger, integrante do Subcomitê de Prevenção à Tortura do órgão da ONU.
    A medida foi anunciada neste domingo (20/2), durante reunião do Colégio de Presidentes de Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil, na sede do Conselho Federal. O presidente da OAB-MA, Mário Macieira, afirmou que há a participação do crime organizado e até de policiais nas rebeliões dos presídios do Maranhão. Para Damous, é importante que essa denúncia chegue ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU "até para que seja reverberada internacionalmente".
Moção de solidariedade
    O Colégio de Presidentes de Seccionais da OAB, conduzido pelo presidente do Conselho Federal, Ophir Cavalcante, aprovou durante a reunião moção de apoio à OAB-MA. A seccional tem recebido ameaças de represálias do crime organizado por conta de seu trabalho em prol dos Direitos Humanos (DH) e na defesa das prerrogativas, especialmente no caso das rebeliões nos presídios estaduais.
    A moção de solidariedade se estende ao presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-MA, Luiz Antonio Pedrosa, ameaçado diante de sua ação em defesa dos direitos dos presos nas rebeliões. Cavalcante e Macieira pretendem contatar autoridades do Ministério da Justiça nesta segunda-feira para cobrar medidas de garantia à segurança de Pedrosa. "As ameaças têm crescido à medida que a atuação da OAB se acentua e a situação nos presídios do Maranhão tem se agravado", disse Mario Macieira.
    Segundo ele, de janeiro de 2007 até o momento, 94 pessoas foram mortas no nas prisões maranhenses. Somente entre novembro de 2010 e este mês, foram 24 presos mortos em rebeliões, sete dos quais decapitados - quatro deles em Pinheiro, na semana passada.
    "Estamos denunciando que esses fatos são gerados pelo crime organizado no interior das prisões - e essa comprovação veio agora, na última sexta-feira, quando o corregedor-geral da Justiça do Maranhão entregou para nós o depoimento de um preso que iria morrer na rebelião de Pinheiro, mas não morreu. Ele conta que toda a rebelião foi comandada por presos de outro presídio, em Pedrinhas, que se comunicavam com o presídio em Pinheiro por telefone", informou Macieira.
Com informações da Assessoria de Imprensa da OAB

Lobão nas arábias

Edison Lobão participará até quarta-feira do Fórum Internacional de Energia, na Arábia Saudita. A viagem terá como foco as conversas sobre exploração de petróleo e gás natural.
No Radar on-line de Lauro Jardim

Bicho Terra começa a encher a pança no Circuito Madre Deus

   Não se discute a qualidade artística e de aprovação popular do grupo Bicho Terra, braço carnavalesco da Cia Barrica do Maranhão. Ao longo dos últimos 20 anos, o Bicho pegou no carnaval de São Luís e ganhou até simpatia dos foliões do interior acostumados à cadência do hit da hora.
    Criado pelo talentoso Zé Pereira Godão, diretor artístico e também coordenador do carnaval oficial do estado, o bloco da Madre Deus, de acordo com o pensamento meritocrático da atual gestão da Secretaria de Estado da Cultura, merece tratamento especial.
    Neste domingo o mimo carnavalesco da governadora Roseana Sarney (`PMDB), cantora bissexta tanto do Bicho quanto do Boizinho Barrica, esbanja a gostosura do poder: tem nada menos que sete apresentações programadas pela SECMA no circuito da Madre Deus. No sábado o grupo agitou a galera do baile do Zoombido, numa cortesia do governo do estado ao colunista Zé Cirilo; e no 10º Festival Maranhense de Música Carnavalesca da Rádio Mirante, patrocinado pela SECMA. São nove, sem noves fora num fim de semana.
    O bloco que embala foliões com hits como "Gostosa", de autoria do secretário de estado da cultura, Luiz Henrique Bulcão;  "Não me belisque" e "Chamego" estipulou para temporada deste ano cachês que variam entre R$ 8 mil e R$ 15 mil, dependendo do CNPJ do contratante e de sua natureza, como convém ao bloco que nasceu da constatação poética de Godão de que "O homem, o mais animal dos bichos, atira sobre a Terra suas balas e venenos. A Terra ferida é o Bicho-Terra em meio a guerra, catástrofes e descaminhos".
    Mesmo que fosse o circuito um contrato na forma de pacote, a vantagem do grupo sobre o recolhimento junto ao ECAD já reservaria um lugar ao pódium dos privilegiados ao Bicho Terra. Mas isso é outra cultura a ser discutida em outros carnavais que um dia benvirá.

Circuito do Bicho Terra na Madre Deus




Na coluna do Ancelmo Góis

No pé de Sarney
Um dos sambas concorrentes do bloco Vem Cá Me Dá, da Barra, no Rio, diz assim: — Pica, pica, pica, picadeiro/ Nesse país tem marmelada o ano inteiro/Tem “Sarna” que não para de coçar/Não larga o osso e nem deixa de mamar”...
De O Globo

Aqui: um outrora agora

Ferreira Gullar
Antes perambular pelas ruas que me deitar e ficar olhando a noite cair. O que me salvava era a poesia
    É SÁBADO à tarde, cerca das 16 horas. Estou parado na esquina da avenida Rio Branco com a Araújo Porto-Alegre. Às minhas costas, o Museu Nacional de Belas Artes; à frente, à esquerda, a Biblioteca Nacional e, à direita, do outro lado da avenida, o Teatro Municipal.
    Diante do teatro está a praça Deodoro, ladeada pelo prédio da Câmara Municipal e pelo bar Amarelinho e os edifícios da antiga Cinelândia. Fora o cine Odeon, os demais fecharam, como o Astória e um outro, o Vitória, que ficava lá atrás, na rua Senador Dantas.
    Mas importa é que estou, ali, de pé, às quatro da tarde deste mês de fevereiro de 2011. E o que vejo diante de mim é exatamente igual ao que via em 1954. Passaram-se 57 anos e estou ainda aqui vendo os mesmos prédios, a mesma praça. E o passado inevitavelmente invade o presente e me arrasta com ele.
    Estou, agora, num sábado de 1953 e cruzo a praça em direção à Biblioteca Nacional. Vim a pé da rua Carlos Sampaio, onde morava, próximo à praça da Cruz Vermelha. Sábado era um dia vazio. Nos dias comuns da semana, estava na Redação da "Revista do IAPC", ali perto, na rua Alcino Guanabara, onde passavam amigos que iam ali assinar o ponto, como Lúcio Cardoso ou Breno Acyoli. Lúcio era bom de papo e gostava de um chope; Breno, pirado, mastigava a ponta de um charuto no canto da boca. Além deles, apareciam ali Oliveira Bastos, Décio Victório e Carlinhos de Oliveira, todos entregues à aventura literária.
    Mas, no sábado, ninguém aparecia e tampouco vinham, no final da tarde, para o encontro no Vermelhinho, que ficava em frente à ABI. Pior que o sábado só o domingo e dia feriado, quando nem a Biblioteca Nacional abria.
    A BN era meu refúgio, meu amparo, minha salvação. Metia-me nela, buscava um livro, uma revista literária e entregava-me aos mais inesperados delírios. Nas revistas francesas, descobri Lautréamont, Antonin Artaud, André Breton, Paul Éluard, René Char. Ou eram seus poemas ou os ensaios sobre eles.
    Mas, ao fim da tarde, quando saía de lá e daquele mundo feérico, encontrava-me de novo sozinho e desamparado em plena Cinelândia. Pessoas cruzavam a praça em direção aos pontos de ônibus, que os levariam não sei para onde. Flamengo, Botafogo, Copacabana? Só eu não tinha para onde ir, a não ser para o meu quarto, que dividia com dois desconhecidos e que só apareciam lá para dormir.
    Antes perambular pelas ruas do que me deitar naquela cama estreita e ficar olhando, pela janela, a noite cair.
    O que me salvava era a poesia, se ocorresse em determinado instante, se me surgisse um verso inesperado. Aí sim, entregava-me àquela viagem, esquecia o quarto, o mundo, a solidão. Pouco me importava, então, se anoitecia ou amanhecia.
    Sucede que poema é coisa rara. No meu caso, sempre foi. Quem me dera escrever um poema por dia, alçar voo acima do vazio dos sábados, dos domingos e feriados! Sempre fui cismado com esses dias porque, além de me sentir sozinho, a poesia também preferia ir à praia a me visitar. Já nos dias normais, como disse, metia-me na BN, agarrava-me a uma "Nouvelle Revue Française" e valia-me dos poemas alheios.
    Mas houve uma exceção. Foi numa Sexta-Feira da Paixão quando, ao me dar conta de que era dia feriado e por isso o Vermelhinho estava deserto e a Cinelândia também, encaminhei-me sem rumo para a rua do Catete e fui parar no Parque Guinle, entregue ao delírio de um poema louco, cuja erupção teve início exatamente quando cruzava a rua Santo Amaro: "Ô sôflu e luz ta pompa inova orbita". Naquele momento, em que violentava meu instrumento de expressão, vivia a ilusão de ter chegado ao inalcançável: fazer que a língua nascesse ao mesmo tempo que o poema. Só no dia seguinte, na Redação da "Revista do IAPC", ao passá-lo a limpo, dei-me conta de que ninguém o compreenderia e que, de fato, havia destruído minha linguagem de poeta... É nisso que dá fazer poema em dia santo.
    Essa ocorrência, se não me engano, data de março de 1953. Depois daquele dia, muitas outras vezes me encontrei entre esses mesmos prédios -o teatro, o museu, a biblioteca, a câmara municipal- num sábado ou num domingo, sem ter o que fazer da vida. Exatamente como agora, nesta tarde de 2011.
Da Folha de S. Paulo

Manchetes dos jornais

ATOS & FATOS - Governo antecipa pagamento de funcionários para sexta
ITAQUI-BACANGA - Presos arrancaram olhos e beberam sangue de degolados em Pinheiro
CORREIO DE NOTÍCIAS - São Luís terá R$ 430 mi para transporte urbano
JORNAL EXTRA - População diz que João Castelo tá lelé da cuca
JORNAL PEQUENO - São Luís terá R$ 430 milhões para melhoria do transporte urbano
O ESTADO DO MARANHÃO - Ordem para rebelião de Pinheiro partiu do presídio de Pedrinhas
O IMPARCIAL - Liceu, o rei do vestibular
4º PODER - Acordem vereadores!!!