27 de set. de 2011

Belo grupo de picaretas

Eliane Cantanhêde
BRASÍLIA - Lá se vão quase 20 anos desde que o Lula de antigamente falou e disse sobre os "300 picaretas [do Congresso], que defendem apenas seus próprios interesses".
    Eleito presidente e surfando em alta popularidade interna e externa, ele deixou essas picuinhas para lá e se esbaldou com os picaretas que antes criticava -e desprezava.
    Lá se vão também mais de seis anos desde que Roberto Jefferson detonou o "mensalão" de R$ 30 mil (em valores da época...) para parlamentares, em troca de apoio no Congresso.
    Nada parece ter mudado, a se considerar a afirmação do deputado estadual Roque Barbiere (PTB) de que 25% a 30% dos 94 membros da Assembleia Legislativa de São Paulo vendem emendas parlamentares e fazem lobby para empresas: "Tem um belo grupo que vive, sobrevive e enriquece fazendo isso". Muda a "praça", continua a prática dos "interesses pessoais".
    Nome aos bois, Barbiere, o novo Jefferson, não deu. A boiada inteira ficou marcada e seus 93 colegas têm a obrigação pessoal, política, ética e moral de investigar a acusação. Barbiere mentiu? Se falou a verdade, quem são e o que fazem exatamente os "25% a 30%"?
    Mas, peraí... se todos estão sob suspeição, quem é mesmo que vai investigar quem?
    Em tempos de Rock in Rio, vale lembrar que Os Paralamas do Sucesso pegaram carona nos "300 picaretas" de Lula e lançaram: "Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou/ São 300 picaretas com anel de doutor/ Eles ficaram ofendidos com a afirmação/ Que reflete na verdade o sentimento da Nação/ É lobby, é conchavo, é propina e jetom/ Variações do mesmo tema sem sair do tom/ Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei/ Uma cidade que fabrica sua própria lei".
    Donde se conclui que, num ponto, Herbert Vianna errou: será que Brasília é tão ilha assim? Ao que parece, os picaretas estão por toda parte. E continuam firmes e fortes.
Da Folha de S. Paulo

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