29 de jun. de 2011

Tudo por fazer

Ruy Castro
RIO DE JANEIRO - Reportagem de Breno Costa, de Brasília, na Folha de domingo, informa que o ministro do Turismo, Pedro Novais Lima, precisou completar seis meses no emprego para assinar, há dias, seu primeiro ato oficial. Não por acaso, dois convênios (no valor de R$ 22,6 milhões) com o governo do Maranhão, seu Estado, governado por Roseana Sarney (PMDB), cuja família foi responsável por sua nomeação pela presidente Dilma.
    O fato de o ministro Novais Lima ter 80 anos não o desabilita para controlar uma área tão moderna como o turismo. Se ele for uma autoridade no assunto, com vasta experiência internacional, qual é o problema? Acontece que o ministro, renitente deputado e quase contemporâneo de Gonçalves Dias, nunca foi do ramo. Sua única relação com o turismo se deu há pouco, quando, ao assumir o cargo, pediu reembolso ao Tesouro de R$ 2.000 gastos num motel.
    No futuro, os historiadores nos dirão tudo sobre a dívida que o Estado brasileiro deve ter com a família Sarney e que parece impossível de pagar -ou não se justificaria sua inesgotável influência, sai década, entra década, para pôr tanta gente de sua confiança nos postos mais surpreendentes. Um desses, o Ministério do Turismo. Para Sarney, o Brasil é um enorme Maranhão.
    Seria interessante saber o que o ministro Novais está fazendo pela modernização da indústria hoteleira, pelo incremento do turismo gay -a grande novidade no setor- ou pela divulgação do Brasil no exterior. Ou de seus planos para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.
    Países como a Espanha e a Grécia, hoje pulando miudinho para fechar as contas, têm no turismo uma de suas principais receitas. Acontece que, neles, o turismo já pode ter atingido o seu limite de excelência. No Brasil, não. O potencial é enorme e -com ministros como este- literalmente resta tudo por fazer.
Da Folha de S. Paulo

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