9 de jun. de 2011

Membro da Academia Maranhense de Letras faz campanha pelo voto em branco

O voto que limpa tudo

Praça Gonçalves Dias antes da gestão de João Castelo
 Joaquim Itapary
    Diz a modinha popular que o pensamento parece coisa à toa, mas que a gente voa quando começa a pensar. E voa mesmo. Distante de São Luís, retorno à Praça de Gonçalves Dias. Revejo, num fim de tarde de sol brilhante e brisa fresca, a cena do último prefeito da cidade a entregar o Largo dos Amores restaurado, limpo, bonito, iluminado e ajardinado. Para as obras, supervisionadas pelo IPHAN, a prefeitura recebera, da Vale, quase um milhão de reais. A verba foi criteriosamente aplicada; as obras, bem feitas. Os adornos, o mobiliário e os desenhos de pavimento, neoclássicos, da autoria do arquiteto Evandro Rocha, restaurados a capricho, fielmente. Até uma nova grade de proteção à estátua de G. Dias foi instalada. Rediviva, a praça ressurgia como nos velhos tempos, clara e luminosa em sua beleza singela. Cheguei a escrever aqui que a minha velha avó parecia aprovar tudo, à janela da sua casa na esquina, com os cabelos brancos e o seu vestido negro. Isso faz poucos meses, foi outro dia, a bem dizer. E, no entanto, hoje praça do poeta está, de novo, em estado de petição de miséria. Nos canteiros, em vez de rosas, cravos, grama, o mato medra. Os bancos dos namorados sujos ou quebrados. Alguns totalmente destruídos. Lampiões apagados. Lixo esparramado por toda parte. Tudo uma imundície só. Enfim, um descalabro. E para chegar a esse estado de abandono bastaram uns dois anos de administração incompetente e de incúria. Não há garis, nem vigilantes, nem jardineiros. Os guardas municipais, que deveriam policiar os logradouros públicos, só existem na folha de salários da prefeitura, meras realidades virtuais. Como os invisíveis agentes de trânsito, também fantasmas. Por conta desse descaso da prefeitura, a Gonçalves Dias iguala-se às demais praças da cidade. Todas elas jogadas, com injustificável desprezo, no enorme buraco no fundo do qual São Luís se encontra. Buraco talvez apenas mais raso do que o do tesouro municipal, cujas contas somente terão seus números revelados quando recomeçarem a campanha eleitoral e a compra de votos das próximas eleições municipais. As praças de Deodoro, da Saudade, da Misericórdia, da Alegria, do Comércio, de Odorico Mendes e, sobre todas, a de João Lisboa (centro cívico da cidade, palco de fatos históricos, referência cultural de seguidas gerações de maranhenses), todas elas, sem exceção, estão em situação idêntica à de G. Dias: Calamidade! Isoladas ou em conjunto configuram o retrato fidedigno do descalabro administrativo que se abateu sobre aquela que até pouco tempo foi uma das mais belas e risonhas capitais do país. É assim, não como uma cidade, uma urbe civilizada, mas como um castelo de sujeira, apodrecida, arruinada, imunda, fedorenta, intransitável, destratada, abandonada, que os governantes querem que São Luís se apresente nas festas que se aproximam, quando completará 400 anos de sua fundação. Não é possível. Precisamos reagir com veemência e na devida medida ao desrespeito de políticos e administradores para com a cidade que é a nossa casa grande, o lar coletivo de um povo decente, que preza as suas tradições de cultura e de inteligência. A forma mais eficiente e simples de reagir a tudo isso é exercitarmos de modo consciente o direito do voto. Expulsar da vida pública os maus políticos e administradores negando-lhes o voto. Em nosso caso, dada a impossibilidade de separar-se o joio do trigo na seara da política, e sabendo que os políticos têm mais pavor do voto branco do que o Diabo da cruz, a melhor atitude a tomar será a do voto BRANCO nas próximas eleições. Para tanto, devemos formar, desde já, uma corrente e iniciar um movimento forte e poderoso em favor da cidade: Voto BRANCO, para limpar a cidade e expulsar da vida pública seus inimigos. Comecemos com uma grande campanha via internet abrindo sempre todas as nossas mensagens, inclusive nas redes sociais, até outubro de 2012, com a expressão: “Limpe São Luís: Vote BRANCO”.
De O Estado do Maranhão

0 comentários:

Postar um comentário

Comente aqui!!!