9 de jun. de 2011

Comprando urubu por ganso

Marta Barros
    Há cerca de dez dias, comprei no Hiper Bompreço do São Luís Shopping dois travesseiros de pena de ganso.

    Ao chegar em casa, arrumei com cuidado a cama na qual pus lençóis e colchas limpos e os travesseiros novos.
    Horas mais tarde, chegado o momento de dormir, fui para a cama na expectativa de uma bela noite de sono com os travesseiros de material tão delicado.
    Logo ao deitar, senti nos mesmos um cheiro que na ocasião classifiquei de “diferente”. “ É porque são novos”, pensei. E dormi.
    Na noite seguinte, fui para a cama tão cansada que nem pensei nos travesseiros. Foi só de madrugada, ao acordar com sede, que senti novamente o tal cheiro “diferente”. “Um pouco de perfume resolve o problema”, disse pra mim mesma, e parti para a ação esguichando nos mesmos uma razoável quantidade de perfume francês.
    De manhã cedo, ao levantar, percebi que a estratégia falhara. Decidi então que poria os travesseiros para apanhar um pouco de sol. ” Isso funcionará”, vaticinei.
    Qual o que! Cheguei à noite em casa e a primeira coisa da qual me dei conta foi do odor desagradável que tomava conta do ambiente, vindos dos meus travesseiros.
    Daí em diante a coisa foi piorando. Ao invés de na cama, os tais travesseiros passaram a ficara em uma cadeira onde o sol batia durante boa parte do dia. À noite, em lugar de colocá-los sob a cabeça eu os usava nos pés, onde não lhes sentia o cheiro.
    Aqui um parêntese: o odor emanado dos travesseiros lembrava o cheiro que exalava das galinhas quando eram fervidas para que se tirassem as penas (antigamente era esse o processo utilizado pelas donas de casa ao matar as “penosas” para servir de refeição).
    Injuriada e frustada, resolvi pesquisar na inernet sobre “cheiro de travesseiro de ganso”. Só para que se tenha uma idéia, alguns dos comentários de pessoas que compraram produtos do tipo e com qualidade ruim me deixaram ainda mais pessimista.
    Todos foram unânimes em afirmar que o cheiro não desaprecia. Uma mulher chegou a postar um comentário no qual dizia que o travesseiro dela fedia tanto que a impressão que ela tinha era que havia um ganso dentro do travesseiro. E que ele (o ganso) havia morrido ali.
    Desesperançosa, liguei para o número de telefone que havia na etiqueta dos produtos e que, descobri depois, era do Centro de Relacionamento com o Cliente, do Hiper Bompreço.
    Expliquei a situação à atendente e após alguns minutos ela me informou que eu poderia me dirigir à loja onde fizera a compra para efetuar a troca do produto (mesmo sem a nota de compra, que eu havia jogado fora no mesmo dia em que inaugurei os travesseiros).
    Pois bem, hoje pela manhã coloquei os tais travesseiros na mala do carro (para meu carro não ficar fedendo) e, após sair do trabalho me dirigi ao Hiper.
    Lá chegando, a recepcionista que me atendeu informou que chamaria “a gerente de plantão para resolver o problema”. Alguns minutos depois chega a gerente.
    Expressão que eu classificaria como “de nojo”, unhas metade sem esmalte, a “gerente de plantão" me fez repetir a história. Informei inclusive o número do protocolo de atendimento junto ao CRC do Hiper.
    Ela disse que iria telefonar para o CRC e pediu qu eu esperasse. Mais alguns minutos depois ela reaparece e, com a mesma expressão com que me recebeu, foi logo dizendo qu não poderia fazer a troca porque faltavam os sacos (uns sacos de plástico grosso nos quais os produtos eram embalados).
    Fiz ver a ela que não costumo guardar sacos de embalagem e que não sairia dali com os travesseiros que pelo cheiro deveriam ter penas de urubu, e não de ganso.
    Muita discussão depois e um novo telefonema ao CRC e a “gerente de plantão” finalmente trocou os produtos por créditos.
    Saí do supermercado com iogurtes, sucos, leite e outras coisas e deixei no balcão da recepção aqueles travesseiros fedorentos.” Não quero mais saber de travesseiros de penas de ganso”, decidi.

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