5 de abr. de 2011

"Foi com o dr. Jackson que as esquerdas do Maranhão enfrentaram a ditadura militar" - Pe. João Maria, ASP

    O Maranhão se despede de um dos seus maiores cidadãos e políticos das últimas décadas. O médico, Jackson Lago, por duas vezes prefeitos de São Luís, secretário de Estado da saúde e por dois anos governador do Maranhão, deixa uma imagem de uma pessoa extremamente comprometida com as camadas populares maranhenses.
    Foi com dr. Jackson que as esquerdas no MA enfrentaram a ditadura militar. Ele ocupou no período do golpe uma cadeira na assembleia legislativa na oposição à ditadura.
    Foi com ele que em São Luís iniciou-se o desenho e implantação dos distritos sanitários. Quando secretário de saúde, deu todo o seu apoio à criação do CERES, Conselho Estadual de Reforma Sanitária, primeira experiência maranhense de controle social e participação popular na política de saúde.
    Derrotado pela força da oligarquia maranhense, o médico só pode assumir, com muitas dificuldades e contratempos, a liderança política do Maranhão em 2007, para perdê-la, de uma forma mais esdrúxula possível. Foi sob os governos dele - em São Luís e no Estado - que o controle social pode dar passos em frente: o Orçamento Participativo com suas assembleias nos bairros e seu Conselho Municipal, os Conselhos de políticas públicas e a articulação estadual dos conselhos, foram por ele apoiados e saudados com entusiasmo. Iniciado na região do Turi, os Fóruns de Cidadania e Direitos Humanos foram por ele recebidos e incentivados. As legítimas pressões pressões populares foram por ele reconhecidas, embora nem sempre soube dar a devida atenção a elas, talvez por influência de grupos políticos que não comungavam esse seu desejo de ver o povo junto com ele governando.
    As administrações de dr. Jackson são passíveis de reflexões críticas. Não é esse o lugar de fazê-las. Indubitavelmente, Jackson foi nas útlimas décadas, o administrador do nosso Estado e da capital mais moderno, mais democrático, mais popular.
    Nos deixou cedo demais. A doença, que não lhe tirou do compromisso nas últimas eleições, lhe abateu mais rápido do que pudessemos imaginar.
    Descanse, Jackson. Que Clay, seus filhos e parentes possem se orgulhar de ter compartilhado uma vida integralmente dedicado às pessoas mais humildes do nosso Estado e que a lembrança a este grande homem fortaleça em nós a convicção de que a luta por democracia vale a pena e deve ser enfrentada até os nossos últimos suspiros.
    Obrigado, Jackson, descanse numa profunda e merecida paz!
João Maria Van Damme
ASP-MA

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