20 de mar. de 2011

Observações iniciais sobre a visita de Obama ao Brasil

Sílvio Bembem
    Em que pese as contradições de um mundo hegemonizado pelo regime capitalista, e divido ainda pela luta de classes, como nos ensinou o velho Marx, o encontro entre a presidente mulher do Brasil, Dilma Rousseff e o presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama e sua família, no Palácio da Alvorada, é de um simbolismo muito grande para os negros e mulheres do mundo, segmentos que até pouco tempo não eram vistos na estrutura política de poder. Essa é uma imagem muito forte, apesar de bem pouco vista, e muito significativa para a autoestima desses segmentos da população (negros e mulheres).
    Há de se considerar que, apesar da divi são mais forte da sociedade ser a de classe, é preciso ressaltar que, na questão das desigualdades, a segregação étnico-racial e de gênero também dividem a sociedade.
    Vejam que, mesmo no Brasil, nação com metade de sua população formada de afrodescendentes, como disse nossa presidenta Dilma em discurso no jantar com Obama, observa-se que nesses vários momentos em que o presidente estadunidense participou em Brasília – no Palácio, no encontro com mais de 400 empresários e no jantar com autoridades e ex-presidentes brasileiros (Sarney, Collor, Itamar e Fernando Henrique; sendo que somente Lula não compareceu) –, Obama ainda foi dos poucos negros com poder entre os presentes (ele presidente da nação mais poderosa e rica do mundo; o maior PIB do planeta).
    E Dilma, enquanto mulher, presidenta do Brasil (7ª economia mundial e a primeira da América do Sul), portanto também em situação de poder, mesmo que um pouco mais representada por outras mulheres  "em geral brancas, diferentemente de Michelle Obama, primeira dama do EUA e das poucas mulheres negras com poder – participando desse acontecimento, provavelmente ao lado da Ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, só ratifica uma sociedade cindida do ponto vista étnico-racial, mostrando o longo caminho a percorrer no sentido de uma integração com equidade do negro (e da mulher) na sociedade de classes, como bem analisou Florestan Fernandes.
    Contudo, o momento da visita de Obama não deixa de ser um momento histórico-simbólico importante nesse aspecto. Agora vamos aguardar a estada dele no Rio de Janeiro, onde já desembarcou, e encontra-se hospedado em Hotel na Praia de Copacabana com a família e toda comitiva presidencial norte americana.
    São essas algumas observações iniciais.
Sílvio Bembem é Administrador. Especialista em Sociologia das Interpretações do Maranhão (UEMA).Mestrando em Ciências Sociais da PUC/SP.Foi Secretário Adjunto de Igualdade Racial do Maranhão (2007-2009)

1 comentários:

Anônimo disse...

Vcê reparou qual o grupo social étnico racial e o escambal foi selecionado para as apresentações culturais para Michelle e filhas? Vc~e reparou que a distribuição dos convites para os discursos dos presidentes não havia negro algum na platéia? Vcê localizou quantos no almoço oferecido? Pior é o que vem por aí, meninos negros da Cidade de Deus com a face pintada de branco. O racismo brasileiro é aquele que nem os que levam o tapa na cara sentem.

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