12 de jan. de 2011

Colecionador de objetos engolidos por pacientes é tema de livro


Fotos sem data mostram o laringologista Chevalier Jackson com sua coleção de objetos extraídos de pacientes e um raio-X de um bebê tratado pelo médico após engolir alfinetes

Amanda Schaffer
    Desde tecidos cerebrais até cálculos biliares, não é de hoje que médicos preservam espécimes extraídos de seus pacientes. Mas o médico americano Chevalier Jackson foi muito além da maioria.
    Laringologista no final do século 19 e início do século 20, Jackson preservou mais de 2.000 objetos engolidos ou inalados por pacientes: pregos, binóculos em miniatura, uma chave de radiador, um broche infantil, um medalhão com os dizeres "carregue-me para ter boa sorte".
    Jackson recuperou esses objetos da parte superior do tronco de pessoas, com pouca ou nenhuma anestesia.
    Tão grande era sua ânsia de compor a coleção que ele certa vez se negou a devolver 25 centavos, mesmo quando o dono da moeda engolida ameaçou matá-lo.
    "Ele foi um fetichista -disso não há dúvida", disse Mary Cappello, autora de "Swallow" (New Press), livro recém-lançado sobre Jackson e sua coleção bizarra. Jackson foi um prodígio.
    Ele passou horas esmagando amendoins com fórceps para saber exatamente quanta pressão exercer.
    Ele se tornou pioneiro no estudo do tronco superior, desenvolvendo novas técnicas endoscópicas para olhar nos recônditos escuros do corpo humano.
    O laringologista foi um dos primeiros a se manifestar em favor de medidas segurança para crianças. Seu objetivo era conscientizar o público e os médicos sobre os perigos de engolir corpos estranhos.
    Para Jackson, disse Cappello, "os pais que davam amendoins a filhos que ainda não tinham molares deveriam ser esquartejados".
    Mastigue tudo completamente, ele exortava o público: "Mastigue até o leite!".
    Para retirar objetos como chaves, moedas e alfinetes, Jackson inseria em seus pacientes um tubo comprido e rígido. Os pacientes, geralmente crianças, ficavam acordados e imobilizados.
    Hoje, a coleção de Jackson pertence ao Museu Mütter da Faculdade de Medicina da Filadélfia, que prepara uma exposição para 18 de fevereiro.
    Em outubro, Mary Cappello deu uma palestra sobre Jackson em Nova York. Ela apresentou filmes da família de Chevalier Jackson.
    Jackson é visto em vários clipes. Em um deles, sua neta, ainda criança, atravessa um gramado segurando um bicho de pelúcia e uma flor.
    Ela olha para a câmera, sacode a flor e a põe na boca.
Do New York Times

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