8 de ago. de 2010

PT segue rachado no Maranhão após intervenção

Vinícios Sassine
     A intervenção do diretório nacional do PT no Maranhão ainda é uma ferida aberta na disputa eleitoral pelo governo do estado. O partido está dividido entre o apoio oficial à reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB), decidido pelo diretório nacional e pelo presidente Lula, e a campanha do deputado Flávio Dino (PCdoB), que tenta se eleger governador com a ajuda de petistas anti-Sarney.
     O racha do PT no estado levou a uma briga na Justiça Eleitoral: há poucos dias, a legenda propôs uma ação judicial para retirar o comitê de Flávio Dino instalado na sede do partido estadual, na capital São Luís. Combalido pela cassação no ano passado e salvo da Lei da Ficha Limpa pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), na última quarta-feira, o candidato do PDT, o ex-governador Jackson Lago, tenta se beneficiar desse cenário eleitoral.
     A peculiar disputa pelo Palácio dos Leões já mobiliza alguns dos principais caciques políticos do país. Pai de Roseana, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), reuniu-se com o presidente Lula um dia depois de o TRE do Maranhão validar, por unanimidade, a candidatura do ex-governador Jackson Lago, cassado em 2009 por abuso de poder econômico durante a campanha de 2006. Sarney e Lula se encontraram no início da noite no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde Lula tem despachado enquanto a reforma do Palácio do Planalto não é concluída. Os dois trataram da eleição de Roseana e de uma possível visita de Lula e da candidata petista Dilma Rousseff ao Maranhão.
     No próximo dia 14, está prevista em São Luís uma reunião entre o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), vice de Dilma, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, prefeitos, deputados e candidatos maranhenses do PT e do PMDB. O objetivo dessa reunião é mobilizar os dois partidos em torno da candidatura de Roseana Sarney.
     Um dia antes, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, visitará Imperatriz, o segundo maior colégio eleitoral do Maranhão, e deve estender a viagem até Açailândia. Será ciceroneado por Jackson Lago, que tem a difícil missão de garantir mais um palanque nordestino a José Serra.
Divisão
O presidente do PT no Maranhão, Raimundo Monteiro, dá a seguinte definição para os apoios aos presidenciáveis no estado: “Roseana é 100% Dilma; Flávio Dino é 50% Dilma e 50% Serra; e Jackson Lago é 100% Serra”.
Essa divisão do PT entre dois candidatos pode beneficiar a candidatura de Jackson Lago, segundo o coordenador da campanha do pedetista, Clodomir Paz. “O partido não desejava esse caminho (de apoiar Roseana). Esse é um desejo ardente de (José) Sarney.”
Além da candidatura de Flávio Dino, as eleições para governador no Maranhão contam com três candidatos de esquerda: do PSTU, do PSol e do PCB. Os quatro esquerdistas e os petistas alinhados com Flávio Dino estão de olho nos votos dos maranhenses que não são eleitores da família Sarney.
Do Correio Brasiliense

Ferreira Gullar e o espanto criador

     Ferreira Gullar, 80 anos em setembro próximo, é uma obra em progresso. Quando ainda era José Ribamar Ferreira, em São Luis, Maranhão, e compôs seu primeiro livro, o título já indicava que posição pretendia ocupar na poesia brasileira: “Um Pouco Acima do Chão”, editado com recursos próprios, foi publicado em 1949. Tinha 19 anos. Havia sido, até então, um poeta parnasiano. “Costumo dizer que eu nasci em Macondo, do livro ‘Cem Anos de Solidão’ de Garcia Márquez, onde tudo acontecia depois”, ironiza. “Em 1947 eu escrevia em decassílabos e dodecassílabos, tudo rimado e metrificado, como os parnasianos do século anterior”.
     Foi a leitura de “A Poesia até Agora”, de Carlos Drummond de Andrade, obra lançada em 1948, que provocou a ruptura. “Comecei a ler aquelas coisas – como ‘lua diurética’ – e me dei conta de quanto estava atrasado”, conta Gullar. “A partir daí, passei a fazer poesia em que não estivesse nada estabelecido e que eu próprio não soubesse o que iria acontecer; passei a fazer uma poesia em que a linguagem nascesse com o poema”, acrescenta. “Eu queria que minha poesia não fosse resultado de um saber a priori”, resume.
     Apresentado por Samuel Titan Jr., coordenador cultural do Instituto Moreira Salles atuando como mediador da Mesa 13, como “um autor inquieto, que sempre está voltando à raiz da sua poesia”, ele acredita que “a linguagem velha envelhece a coisa nova”. A dinâmica que marcaria sua obra começa a se mover com a mudança para o Rio de Janeiro, onde lança em 1954 o livro “Luta Corporal”, que desperta a atenção de jovens vanguardistas, entre eles alguns paulistas como os irmãos Augusto e Humberto de Campos e Décio Pignatari. “Eles acharam que esse livro era o sinal para uma renovação e nasceu a poesia concreta”, relata.
     Na conversa com o mediador e a plateia, Ferreira Gullar contou casos divertidos e reconstituiu sua trajetória, a partir desse primeiro contato direto com o que era a vanguarda pós movimento modernista. Em “Luta Corporal”, admite, fez uma poesia que ninguém entendia. “Eu havia destruído a sintaxe, queria chegar a uma poesia essencial”, explica. “Mas aconteceu que quando comecei a fazer poesia moderna, os outros voltaram aos sonetos”. A solidão de Macondo voltava a dominar.
     Na verdade, o poeta queria era ser artista plástico. Desde menino, na escola, quando recebia a tarefa de descrever as gravuras da sala de aula, seu desejo era pintar. “Ainda hoje leio mais sobre pintura do que sobre literatura, penso mais em pintura do que em literatura”, confessa. Mas a poesia se impôs. E ele deixou que acontecesse naturalmente. Seu processo de criação, revela, é o espanto.
     “Na verdade, não penso sobre poesia – faço poesia”, continua. “Ela nasce do espanto, é simplesmente uma coisa que me espanta, um estado de espírito, imprevisível”, pondera. O poeta imagina que exista uma tessitura especial que explica o mundo, “mas de vez em quando o mistério rompe esse tecido”. Como exemplo, citou a construção do poema “Acidente na Sala”, do livro que deverá ser lançado em setembro: “Estou na sala, me levanto para atender o telefone, e o osso do fêmur bate no da bacia. Eu penso, mas que é isso, um osso batendo dentro de mim? – Eu sou meu osso?”
     Mais de dez anos depois de sua última produção, “Muitas Vozes”, de 1999, nasce esse novo livro, “Em Alguma Parte Alguma” – uma contradição em termos, como ele mesmo explica, uma vez que “em alguma parte significa em algum lugar, e em parte alguma quer dizer em lugar nenhum”. Por que tanta demora entre as duas obras? – Ele repete seu mantra: “Se há espanto, escrevo”.
     A única vez em que o espanto durou foi quando ele compôs o “Poema Sujo”, que foi produzido em 1975, durante o exílio em Buenos Aires, circulou quase clandestinamente em áudio entre intelectuais e jornalistas do Rio e foi publicado no ano seguinte. “Fiquei de maio a setembro escrevendo e nunca havia passado tanto tempo em estado poético”, lembra. A obra mereceu de Clarisse Lispector a classificação de “escandalosamente belíssimo”. Ferreira Gullar seguiria conversando pelo resto da noite, mas a Festa Literária Internacional de Paraty tem que continuar. Ele encerra: “O poema é a alquimia que transforma dor em alegria estética. A arte existe porque a vida não basta. Cada um nasce com as qualidades que lhe permitam se inventar como ser humano. A poesia é necessária porque existe. Um dos melhores estados de estar vivendo é escrever poesia”, alinhou, sob os mais duradouros aplausos até aquele ponto da festa.
Da Flip

Maranhão:antiga estação de trem em Coroatá

Serra é esperado em Imperatriz na sexta-feira, 13

     O candidato a presidente da República pelo PSDB, José Serra, deve retornar ao Maranhão no próximo dia 13 de agosto, sexta-feira próxima. Pelo menos é o que afirma quem tem acesso à agenda do tucano. Desta vez Serra irá a Imperatriz.

José Serra cercado de tucanos maranhenses
     Ao contrário do que aconteceu em São Luís no dia 13 de julho, quando foi emparedado por um grupo de professores da rede municipal em manifestação de protesto no aeroporto do Tirirical, Serra deverá ter recepção apoteótica. O prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeiras (PSDB), anfitrião do presidenciável, providencia tudo. No sul do estado o PSDB tem presença destacável.
     O tucano irá inaugurar um comitê de campanha de sua candidatura na região Tocantina. De lá, tucanos e aliados pretendem irradiar o nome de Serra como alternativa para substituir o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Será uma tarefa árdua desbancar a preferência de 800 mil famílias maranhenses inscritas no Bolsa Família. Diria quase impossível.
     No Estado de 24% da população formada por analfabetos se soletra o nome de Dilma como se fosse Lula. Serra quer repetir um feito do passado, obter mais de 40% da votação entre os eleitores maranhenses. Mas é justamente o passado que o condena em relação ao "Lula-petismo" tão forte no Maranhão a ponto de ungir demonizados.

Manchetes dos jornais

O ESTADO DO MARANHÃO - Concluída mais da metade das obras de 25 hospitais
O IMPARCIAL -ABC do Descaso