29 de mar. de 2010

Flávio Dino quer aliança ampliada com partidos de esquerda contra grupo Sarney

O deputado federal Flávio Dino (PCdoB) declarou nesta terça-feira, durante a primeira entrevista coletiva que concedeu como pré-candidato a governo do Estado, agora com o apoio do PT, que sua candidatura não será apenas de marcação, de demarcação de posição ou apenas de sustenção de bandeiras históricas.

"Será isto também, pois temos muito orgulho do patrimônio que nós representamos: da luta dos trabalhadores e das trabalhadores; dos pequenos e médios empresários, que lutam para prosperar e não conseguem espaço; por uma Maranhão desenvolvido; por aqueles que foram assassinados em conflitos agrários. Luta dos pescadores que todos os dias trabalham muito para retirar o seu sustento do mar, do rio e lagos maranhenses, e não são devidamente reconhecidos. Temos orgulho da bandeira do PCdoB e imenso orgulho de representar essa bandeira do maior partido político da América Latina e um dos maiores partidos de esquerda do planeta, que é o Partido dos Trabalhadores", explanou o pré-candidato.

Dino foi enfático em afirmar: "Faremos campanha para vencer, para ganhar as eleições de outubro, governar este estado e fazer a grande mudança. Assim como fizemos no Brasil, havermos de fazer no Maranhão".

A entrevista também marcou o momento de lançamento da pré-candidatura de Flávio Dino ao Governo do Estado nas eleições gerais deste ano.

Confira alguns trechos da entrevista do pré-candidato doPCdoB/PT:

Sobre estratégias de alianças
"Os companheiros do Partido Socialista Brasleiro vão reunir a sua direção nos dias 9 e 10 de abril. Debaterão os rumos. Nós temos expectativa. Apresentamos ao PSB a proposta de aliança. Estaremos aguardando, assim como aguardamos respeitosamente o debate interno do Partido dos Trabalhadores, aguardaremos o debate e deliberação do PSB. Com isso nós formaremos o palanque histórico que marcou a primeira campanha de Lula de 1989:  PT, PSB e PCdoB. A partir daí, abrimos discussões. Estive recentemente  com os companheiros do PPS, na sede estadual, num evento público. Há outras correntes que estamos debatendo; Não temos exclusão de nenhuma natureza.  Nosso palanque é amplo a partir de um programa, de compromissos históricos com a mudança do Maranhão. Todas as forças políticas que se enquadrarem e desejarem se somar a esse movimento por um Maranhão forte, pela renovação e pela mudança, serão muito bem vindas e muito bem acolhidas pelo meu partido, pelo PT e todos que hoje anunciam a nossa pré-candidatura"

Debate com difamações do grupo Sarney
"Em primeiro lugar, deploramos este tipo de campanha de quem não tem propostas para mudar o Maranhão, quem está no governo há 45 anos e busca este tipo de discurso como refúgio para esconder suas insuficiências, suas lacunas. Não aceitamos este tipo de campanha, o debate nesse nível. Pelo contrário, buscamos uma campanha programática de alto nível e respeitosa. Nós respeitamos os nossos adversários políticos. Não faremos ataque de baixo nível, campanha difamatória. Se nós sustentamos a mudança; é mudança no conteúdo, na forma e no método também. Esse respeito que nós temos, esperamos que nossos adversários tenham também. Na campanha de prefeito nós respondemos a todas essas questões com a prática política. Dizia e agora repito: nunca houve, não há, nenhuma frase, nenhum gesto, nenhum movimento meu de aliança com o grupo Sarney em toda a minha trajetória política. E já se vão 26 anos, ainda que esteja em primeiro mandato parlamentar "

Semelhança com Collor
"Em relação ao ex-presidente Collor, eu estava entre aqueles que lutaram contra ele. O mesmo Flávio de 1989 é o Flávio de 2010. Não mudamos. Eu não mudei nada. Se ele reviu a sua posição, fez auto-crítica, acho bastante positivo. Como cristão, acredito que as pessoas evoluam. Mas não tenho nenhuma identificação histórica com o ex-presidente Fernando Collor"

Divisão no apoio do PT estadual
"Estamos plenamento convicto do nosso acerto, de nossa opção. Ontem (domingo) e hoje recebi vários telefonemas de companheiros da direção nacional do PT, com os quais tenho identificação histórica, na medida em que fui integrante da sua direção estadual, antes de ser juiz. Tenho muitos amigos no Partido dos Trabalhadores, na bancada do PT, seja na Câmara, seja no Senado. E tenho com a Ministra Dilma aplicações nascidas da grande presença que ela teve na campanha de prefeito em 2008. Na grande presença que ela teve no memorável e vitorioso comício na Praça Deodoro. Nós temos convicção do respaldo nacional que há para nossa candidatura, inclusive no âmbito do PT. Respaldo amplamente majoritário, de alto a baixo. Esse foi o sentimento de apoiar nossa candidatura,da sua direção nacional e da militância de todo o Estado do Maranhão que desejavam nossa vitória. O resultado de dois votos já passou, hoje temos a convicção de que teremos a unidade do PT na campanha."

Sobre suposta intervenção no PT
"Tenho respeito pela autonomia do PT. O debate interno do PT é interno. E não cabe a mim opinar sobre isso. Esse debate passou. Hoje o presidente do PT, Raimundo Monteiro, em um dos jornais da cidade declarou que o candidato do Partido dos Trabalhadores no Maranhão é Flávio Dino. Então, não há mais debate interno do PT no Maranhão. Há um desejo nosso, que eu quero mais uma vez sublinhar, que o PT nos ajude a comandar esse grande processo, esse grande movimento."

Apoio de Lula e da classe política
"Tenho certeza que ele está feliz. O Lula já está nos apoiando. Se o PT nos apoia, o presidente nos apoia. Evidentemente que existem as alianças nacionais. Compreendemos as alianças nacionais. Temos responsabilidades com o partido e maturidade para compreender esse aliança. Eu no congresso nacional a compreendo diariamente. Esse modelo nós estamos trazendo para o Maranhão. Nós não excluímos, a priori, nenhum força política que queira mudar o Maranhão. Todas as forças políticas, mesmo aquelas que não estão conosco. Porque, quando ganharmos a eleição, empresários que não nos apoiaram não vão ser perseguidos, prefeitos que não nos apoiaram não vão ser perseguidos. Vamos republicanizar o Maranhão. Todos os 217 prefeitos a quem chegar a nossa mensagem podem ter a certeza que serão tratados igualmente, assim como os empresários, trabalhadores, porque será um governo que respeitará a lei. E a nossa constituição diz que haja igualdade no tratamento entre todos. Então não vamos discriminar ninguém, não vamos sabotar ninguém. Essa é a proclamação da República no Maranhão".

Candidato a vice-governador na chapa
 "Temos um compromisso. Caberá a escolha ao PT que indicará o candidato a vice-governador. E assim como em 2008 nós acolhemos fraternalmente a indicação feita pelo PT, também em 2010 acolheremos a indicação. Confiamos muito na sabedoria do PT que escolherá um excelente nome para nos ajudar a governar o Maranhão."

Segurança sobre a aliança com o PT
"A garantia que tenho foi dada pelo secretário de organização do PT, Paulo Frateschi, o observador do diretório nacional, que ao final do encontro declarou que aquele era o resultado. A direção nacional já se pronunciou na verdade sobre isso. A legalidade petista e o estatuto partidário foram plenamente observados. Houve um debate democrático. Temos a garantia da lei e também a garantia política dada pelo secretário Frateschi".

Conversa com Jackson Lago e PDT
"No último sábado o governador Jackson Lago telefonou para mim, para parabenizar sobre a vitória da decisão do PT. Conversamos, amistosamente, sobre o resultado. Ficamos de conversar posteriormente. O governador Jackson tem todo o direito de disputar a eleição. É uma decisão dele e do PDT. Temos respeito pelo partido, que é nosso aliado nacional, do campo do Lula, e do campo histórico desde Brizola. Aguardamos que ele se defina em relação a isso. E, em se definindo, respeitamos essa decisão."

Igrejas evangélicas e religião
"Vou governar para os católicos, evangélicos e para todas as denominações religiosas. Em primeiro lugar, tenho minhas convicções religiosas: sou cristão, católico desde sempre, de formação familiar e do Colégio Martista. Mas, quando governador, todas as religiões serão respeitadas e valorizadas. Todas as igrejas serão apoiadas. Particularmente, em relação aos evangélicos, ao grande trabalho que eles prestam, já dizia na campanha para prefeito, agora reintero: nós precisamos ampliar a rede de proteção social no Maranhão, dado esse quadro de injustiça e de pobreza. As denominações evangélicas têm uma imensa capilaridade e um trabalho social notável; de combate às drogas, à violência, de proteção à família. Quando estivermos no governo vamos manter essa relação produtiva com os evangélicos."

Palanque de Dilma Rousseff
"Há um projeto nacional que nós respeitamos. Mas a ministra Dilma estará conosco na campanha e seremos vitoriosos. Vamos lutar muito para isso. Somos o palanque histórico nessa posição política no Brasil e também no Maranhão. Nós sempre estivemos nesse lado. Quando a atual governadora Roseana apoiou o presidente Fernando Henrique Cardoso, nós estávamos do outro lado. Então ela mudou. Aparentemente ela declara em nota que irá também propiciar o palanque a ministra Dilma. Isso é uma definição deles lá, dos partidos que a apoiam e que nós não temos nada a objetar em relação a isso, porque não nos compete. Mas temos a firmeza e a clareza de que no Maranhão o palanque da ministra Dilma é o nosso."

Distinção entre palanques de Dilma
"Se houver esses dois palanques, o que vai distingui-los para a sociedade será o debate sobre o Maranhão. Nós teremos coerência entre o que nós defendemos para o Brasil e o que defendemos para o Maranhão. A distinção será essa. Queremos o Brasil e o Maranhão andando na mesma direção: para a esquerda e em defesa dos trabalhadores. O outro palanque vai ter que dizer e mostar em sua prática se deseja isso ou se há de fato uma incoerência interna no discurso que eles irão apresentar".

João Alberto: “Nunca foi batido martelo sobre a vice-governadoria com o PT”

O grupo político ligado ao senador José Sarney ainda espera que a direção nacional do PT intervenha na decisão do partido no Maranhão, que no sábado rejeitou uma aliança com o PMDB da governadora Roseana Sarney e optou pelo PCdoB do deputado Flávio Dino.

Como compensação pela aliança a governadora Roseana Sarney ofereceu vantagens aos petistas comandados pelo deputado federal Washington Oliveira, como secretarias importantes na administração do estado ou vagas na chapa majoritária para as eleições de outubro.

Após a decisão, vários integrantes do grupo Sarney manifestaram a intenção de pressionar a direção nacional para que o PT repita no Estado a aliança nacional com o PMDB. O vice-governador do estado, João Alberto de Souza (PMDB), que pelo apoio do PT cederia a reeleição para a vaga ao deputado Washington Oliveira, é um dos que esperam intervenção da direção nacional.

Logo após o encontro estadual do PT que decidiu por 87 votos contra 85 apoiar o deputado federal Flávio Dino na eleição para governador do estado, João Alberto minimizou a decisão partidária.

“Nós temos que primeiro ver o que diz a direção nacional. Porque a direção nacional fez publicar que todas as coligações nos estados têm que ter uma aprovação nacional”, salientou o peemedebista.

Embora busquem o apoio do PT, agora transformado em uma questão de honra, o grupo político do senador Sarney tem conhecimento claro das barreiras históricas para compor essa aliança. O próprio João Alberto reconhece. ”O PT nunca foi coligado conosco. Ia coligar desta vez. Portanto, continua tudo a mesma coisa, apenas não coligou. Nós marcharemos, continuaremos nosso vida como uma mesma coisa ”, resume.

O resultado do encontro petista recolocou João Alberto na condição de candidato nato à vice-governadoria. Segundo o ex-presidente estadual do PMDB na reunião entre Roseana e os petistas ligados a Washington Oliveira, não foi selado o compromisso de ceder a vaga da vice-governadoria na chapa ao PT.

“Sou candidato a vice-governador pelo PMDB. Nunca se bateu martelo em se negociar a vice-governadoria. Mas sou um homem de grupo, sou um homem de partido. Acredito que a vice-governadoria sou eu. Em outra situação eu vou ser Senador”, conclui o atual vice-governador.

Como estratégia política, no entanto, o grupo busca pescar um nome de expressão política no sul do estado, onde há grande rejeição pela governadora Roseana Sarney. João Alberto mostra que está disposto a lutar pela reeleição.

No Painel da Folha de S. Paulo

Jurisprudência. O deputado federal petista Domingos Dutra não acredita em intervenção da Direção Nacional no Maranhão, onde o partido rejeitou apoio a Roseana (PMDB): "Se haverá dois palanques na Bahia e no Rio, por que não aqui? Só porque tem Sarney no meio?".

Manchetes dos jornais

AQUI-MA - Tiroteio na van
JORNAL PEQUENO - Relatório da PF monstra alto índice de corrupção no Maranhão
O ESTADO DO MARANHÃO - Roseana agradece os votos do PT
O IMPARCIAL - Roseana não desiste do PT